sábado, 12 de maio de 2012

De onde eu vim..








Venho de um lugar simples, onde toda a manhã eu era acordada ao som de pássaros vibrando o novo dia. Onde o cheiro do café com leite, era a essência principal para perfumar meus planos.
Venho da sincronia exata entre o querer e o não querer. Das dúvidas mais cruéis que alguém pode sentir. Venho da mistura do medo e coragem e das várias fases que não suportei passar sozinha.
Venho do belo amor de um casal que fez de suas diferenças, algo pouco relativo a tudo que iriam viver juntos. Venho de uma educação forte, com poucas regras, mas com princípios fundamentais para que eu me tornasse quem sou hoje.
Venho de algumas palavras mal escritas, de alguns sentimentos não entendidos e de uma felicidade pouco vista. Venho de uma forma não exata, para que assim poucos consigam me entender.
Venho da fé, da força e persistência que sempre esteve comigo. Venho lá de um tempo que o que hoje é comum, antes era raro e estranho aos olhos alheios. Que o que ontem era feio, hoje é bonito.
Venho de sentimentos demonstrados, seja por um brilho no olhar ou um sorriso estampado no rosto mostrando o quão sou feliz por ter tudo que possuo, não falo de bens materiais, mas sim de pessoas maravilhosas ao meu lado, minha familia sempre unida e amigos que fiz pela vida.
Venho de um novembro repleto de flores perfumadas, de uma primavera reluzente de cores e brilhos e de cartas enviadas a moda antiga. Não que eu me sinta uma antiga, mas o tempo que nasci, era melhor que o de hoje.
Venho de cada amigo que conheci durante todo esse tempo. Venho da personalidade forte de uns, misturado com a fragilidade de outros. Onde a sinceridade era o principal elo de uma amizade.
Venho de onde existe um pôr-do-sol espetacular que contemplo sempre que posso, mostrando que as coisas simples são as que mais me encantam.
Hoje agradeço de onde vim, por ter me tornado esse alguém que não sabe onde irá amanhã, mas que tem a certeza que de onde veio, poderia a qualquer momento voltar, com saudades, boas lembranças e uma bagagem lotada de felicidade.


Autoria: Jaqueline Pradela


Foto: Pôr-do-sol da entrada da minha cidade natal (Santa Fé do Sul - SP)

domingo, 6 de maio de 2012

A gente sabe, mas nem todos querem fazê-lo



Eu também sei iludir, sei colecionar corações.

Eu sei fazer com que as lágrimas caiam. 

Eu sei enganar, sei brincar de ilusão.

Só que interpretar esse papel, não vale a pena." - 
                                                                                    Querido John.

Ser Sensível...




Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade. Essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza. Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido.


Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Essa saudade, que às vezes faz a alma marejar, de um lugar que não se sabe onde é, mas que existe, é claro que existe. Essa possibilidade de se experimentar a dor, quando a dor chega, com a mesma verdade com que se experimenta a alegria. Essa incapacidade de não se admirar com o encanto grandioso que também mora na sutileza. Essa vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí, porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um mundo que possa acordar sorrindo. Pra toda gente. Pra todo ser. Pra toda vida.


Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer, mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim.


                                                                                                                                                                Por Ana Jácomo.